Capítulo 7 - O Diário de Tom Jordan

Rapidamente entrou no porão a tempo da multidão entrar na casa, e mais uma vez bateu a porta com toda sua força, trancando-a por dentro.

- Samantha você está bem ? – perguntou Scott assustado.
- Mais ou menos! – respondeu mais assustada ainda – O que havia com aquelas pessoas? Porque tentaram nos atacar?
- Eu não sei. – disse Scott – Quantos você conseguiu contar?
- Acho que havia uns quinze ou vinte! – respondeu Samantha ainda assustada.

O toco de vela que ainda estava no porão, agora estava quase apagando.

- Mas e aquele primeiro, - comentou Scott – porque estava trancado nesse armário?

Samantha acompanhou Scott até o armário.

- Devia estar preso aqui por alguma razão. – não parou de falar, enquanto abria as portas do armário.
- Mas e os outros, lá fora Scott – começou Samantha – não vimos nenhum deles pelo caminho!

Scott não virou-se para responder, parecia certo de que iria encontrar alguma pista ali no armário.

- Provavelmente, estavam perdidos por ai, no meio da floresta e... – fez cara de pensativo – quando ouviram os tiros, vieram correndo para cá.

Revirou algumas tranqueiras, até que encontrou um pequeno livro...

- O que é isso? – perguntou a si mesmo – Samantha,preciso de luz, rápido!
- Já vou. – disse Samantha, carregando em suas mãos, o pequeno prato onde estava o toco de vela.

Colocando o prato sobre um caixote, Samantha chegou mais perto de Scott para ver o que tinha encontrado.

- Um livro? – perguntou Samantha.
- Não, - respondeu Scott – um diário!

Era um caderno, com duas pequenas travas e uma caneta presa a uma cordinha, que por sua vez, estava amarrada no diário. Suas capas eram duras, de cor marrom escuro.
Como as duas travas estavam soltas, Scott não se demorou em abri-las . Já na primeira página podia-se ver, na primeira linha, escrito em letra de forma legível: “DIÁRIO DE TOM JORDAN”.Ao ler o nome do proprietário, Scott e Samantha se entreolharam.

Puxaram então alguns caixotes de forma que se formasse uma mesa com duas cadeiras, sentaram-se lado a lado, e por fim Samantha pós o pequeno prato com a vela em cima do caixote que estava como mesa. Abriram o diário na terceira página, o que viram foi uma data ilegível manchada de tinta, e logo abaixo, as seguintes anotações:

“Hoje foi um dia muito especial pra mim, quando acordei, Sônia não estava em casa, no começo me assustei, mas logo ela voltou com uma ótima noticia, ela está grávida de nosso segundo filho!...”

Scott e Samantha tiveram a leitura interrompida por um barulho vindo de fora do cômodo, algo parecido com um arrombamento de porta seguido por altos gritos e grunhidos.

- Entraram! – disseram Samantha e Scott ao mesmo tempo; Samantha já tremia de medo.
- Acho que aqui estamos seguros – disse Scott em voz baixa para não chamar a atenção dos que estavam do outro lado da porta – tente se manter em silencio.
- Ok – cochichou Samantha – espere – interrompeu ela, quando Scott abriu o diário de volta na terceira página - vamos ler as últimas anotações!
- Está bem – concordou ele.

Dessa vez Scott abriu o diário em suas últimas páginas e o que viram foi:

27 de Setembro, de 2008

“Eles nós mandaram pra essa casa, disseram que aqui vai ser mais seguro eu trabalhar.A casa é gigantesca, a única coisa que falta é energia elétrica, e por essa causa vem sendo difícil eu trabalhar no laboratório dessa casa.Mesmo assim eles continuam me apressando no desenvolvimento do vírus”

- Eles quem? – pensou Scott

29 de Setembro, de 2008

“Hoje, por volta das 14:00h apliquei uma dose do vírus num rato de laboratório, e mais uma vez os resultados não foram bons, depois de um determinado tempo o rato apagou.Expliquei aos chefões que preciso de mais tempo, mas ele continuam me apressando e até ameaçaram minha família.Me sentiria péssimo se alguma coisa acontecesse com eles.”

02 de Outubro, de 2008

“Estou ficando sem tempo, hoje eles me disseram que só vão me dar mais um dia, se não vou sofrer as conseqüências.Fiquei assustado e disse que não iria trabalhar mais em porcaria de vírus nenhum, depois pedi para Bruce, meu mordomo, que os expulsa-se de casa.”

03 de Outubro de 2008

“Acabei de receber um telefonema da cidade, parece que houve um acidente, não vou poder escrever.”

04 de Outubro, de 2008

“Recebi a notícia, minha família está morta, esposa grávida e filho, todos mortos.A única pessoa que tenho agora é meu mordomo, é a única pessoa em quem posso confiar!Mas de uma coisa estou certo, eles vão pagar por tudo o que fizeram.”

07 de Outubro, de 2008

“Já estou trabalhando numa nova fórmula para o vírus, eles vão pagar, vão pagar pelo que fizeram comigo.”

11 de Outubro, de 2008

“Finalmente terminei, finalmente poderei me vingar.Apliquei hoje pela manhã, meu novo vírus, num rato de laboratório.Funcionou mesmo, ele ficou maior e mais forte, seus pelos começaram a cair e sua pele está num tom meio cinza.Espero por mais resultados.”

12 de Outubro, de 2008

“Tudo foi por água a baixo, escrevo aqui pela última vez.Hoje por volta da meio dia pedi à Bruce, que mudasse o rato alterado pelo vírus de gaiola, mas ao tentar pega-lo acabou levando uma mordida, que abriu um corte profundo.Bruce estava sangrando muito,peguei o carro e fui até a cidade comprar alguns curativos, pois os que haviam aqui em casa já tinham acabado.Quando voltei encontrei Bruce ainda no laboratório, vi que estava quase careca e que sua pele estava com uma cor estranha.Na hora deduzi que o vírus se transmite pela saliva.Tentei falar com ele, mas quando ele notou minha presença, tentou me atacar.Consegui fugir para o porão, (é onde estou nesse momento, escrevendo em meu diário) e me trancar nesse grande armário vazio, mesmo assim ele arrancou um pedaço do meu braço numa mordida. Meu deus o que foi que eu fiz? Queria criar algo que me tornasse invulnerável, imortal, mas acabei criando um vírus que transforma os outros em canibais. Agora posso senti-lo, correndo em meu corpo.Nesse momento meus cabelos começam a cair, tenho poucos minutos de vida.Aqui escrevo minhas ultimas palavras, em breve estarei com minha família, em breve...”

- Acabou aqui, não conseguiu terminar. – disse Samantha
- Então, aquela coisa que quase me esganou à pouco era Tom Jordan? – perguntou Scott
- Parece que sim – responde Samantha – e parece que o vírus se espalhou também.
- É, e precisamos sair daqui, - disse Scott – antes que sejamos os próximos.
- Sim, mas como nós...-dizia Samantha antes de ser interrompida por um barulho inesperado.

O som vinha do lado de fora da casa, Scott pós se de pé e espiou por uma das três janelinhas do porão, que por sua vez dava vista a escadaria e uma pequena parte da floresta lá fora.Havia um jipe em alta velocidade esquivando dos vários enfurecidos que ali estavam.
Dirigindo o jipe, um homem de cabelos loiros, com um pequeno cavanhaque.

- Ricardo? – perguntou Scott a si mesmo, ao ver quem dirigia o jipe.
- Quem? – perguntou Samantha surpresa.
- Ricardo, rápido – respondeu Scott apressado – Samantha ele vai dar a volta na casa, temos que ajuda-lo, ou melhor, eu vou e você fica aqui!
- Você ta de brincadeira? – disse Samantha tentando impedi-lo.
- Ele pode nos ajudar, mas antes preciso saber de uma coisa que talvez ele saiba – disse Scott – vai, entra no armário.

Samantha sem palavras deu um longo beijo em Scott.Após ter certeza de que ela ficaria segura no armário, Scott reuniu toda a coragem que ainda lhe restava, empunhou a a pequena arma em uma das mãos, e com a outra abriu a porta do porão...Cautelosamente...